As uvas tintas e suas particularidades
A partir da uva extraímos a obra prima para cada um dos nossos vinhos. Cada uva possui suas particularidades e assim elaboramos vinhos espetaculares, com seus aromas e sabores. Pensando nisso, elaboramos um texto detalhando cada uma dessas características organolépticas e o toque que as principais uvas dão a cada vinho.
Que tal começar conhecendo as dez principais uvas tintas do mundo?
Cultivada em Bordeaux, na França, desde o século XVII, Cabernet Sauvignon é conhecida internacionalmente como a “Rainha das uvas tintas”. Plantada em praticamente todos os países produtores, dela sai um vinho intenso, forte. Tem cor carregada e pele grossa, com bastante tanino e com aromas de groselha, ameixas pretas, amoras, hortelã, pimenta, eucalipto, madeira de cedro, folha de tomate, chocolate preto, mas a principal característica dela é o aroma de pimentão. Sentiu pimentão! Muito provavelmente é Cabernet Sauvignon. Essa uva possuí uma grande qualidade e longevidade. Na Itália e como em outros países, a uva é usada pura ou misturada com outras como no caso do Merlot.
Uma das mais famosas, e considerada uma das uvas mais nobres (sua única possível rival é provavelmente a uva Nebbiolo), é a uva da Borgonha. Da Pinot Noir é possível extrair grandes vinhos, nessa região (e em outras também). Em geral o vinho tem uma cor um pouco mais leve, é uma uva de pele fina, mais translúcida e com pouco tanino. Muito sensível as condições climáticas, o seu cultivo é muito complexo e o vinicultor deve prestar muita atenção na colheita porque o seu excessivo maturamento envolve uma quebra dos ácidos. Se sabe, que na maioria das vezes se obtêm uma boa colheita de 5 em 5 anos. A permanência num barril contribuirá para aumentar a sua estrutura.
É utilizada na produção dos melhores champanhes e vinhos espumantes também.
Têm aromas de framboesa, morango, cereja, grãos de café ou moca.
Uva típica de clima quente, também conhecida como Shiraz (principalmente na Austrália onde teve excelente adaptação), é uma das variedades mais antigas que se conhece. Segundo a lenda, Jesus teria tomado um vinho dessa uva na última ceia, já que na época era a uva plantada por toda a Jerusalém. Sua origem ainda é discutida, no entanto, a maioria coincide com o Vale do Rhône, na França, que tem seu maior prestígio. Os vinhos são produzidos como varietáis ou blends. São estruturados, perfumados e com bom potencial de guarda, segundo seu tipo de elaboração. A Syrah faz vinhos densos, ricos, fortes, com bastante álcool e com um toque apimentado que é a característica dela. Dizem por aí que é um vinho que agrada muito às mulheres.
Os principais aromas a serem encontrados num vinho Syrah são: cerejas pretas, groselhas, amoras, ameixas, damascos, pimenta preta, alcaçuz, gengibre, chocolate preto.
A Merlot é uma uva que produz vinhos sensacionais, inclusive um dos mais famosos do mundo, é plantada amplamente em Bordeaux e faz sucesso na sub-região de Pomerol, onde entra na elaboração de seus famosos vinhos como os Chateau Petrus e o Le Pin. Tem presença na Austrália, na América do Sul e acima de tudo, na Califórnia. No Brasil, é bastante difundida, embora os vinhos obtidos sejam diferentes dos franceses. É muito similar a Carbernet Sauvignon, só que mais suave. Quando sozinha, esta uva dá vida a vinhos jovens e suavemente ácidos, de cor vermelho rubi pouco intensa com reflexos violeta. Podem se distinguir características de cereja e flores vermelhas, principalmente rosas.
Tem aromas de ameixas, amoras, uvas passas, aspargos, chocolate, moca.
Cabernet Franc
Não confunda com a Cabernet Sauvignon, apesar de ser considerada sua prima irmã.
Essa uva tinta é responsável por fazer parte do “corte bordalês”, ou seja, a típica mistura de vinhos feita em Bordeaux, mas é possível encontrar vinhos feitos só com essa uva.
Típicas do nordeste da Itália, sendo muito importante na sub-região de St-Emilion, onde é a uva principal do ilustre Cheval Blanc. Adaptou-se muito bem a serra gaúcha no Brasil, dando bons vinhos. Produz vinhos muito encorpados, caracterizados de uma boa estrutura e um rico buquê de aromas (alcaçuz, musgos, frutas vermelhas) com um gosto doce e prazeroso. A principal característica é um aroma e sabor com um toque vegetal muito forte. É praticamente impossível não notar, mas não se preocupe porque é o que dá graça ao vinho.
Variedade permitida em Bordeaux, embora pouco usada, que encontrou seu habitat na Argentina. É considerada a uva mais famosa da Argentina por excelência, a Malbec é uma uva que tem uma casca muito grossa para resistir às altas temperaturas de lugares como Mendoza, que é um deserto. Por lá se faz muito calor (com certeza mais que no Brasil) e ela precisa sobreviver. Da Malbec saem vinhos encorpados, intensos, daqueles que pintam os dentes. Contando com taninos agradáveis e aromas de frutas como ameixas, cerejas e trufas quando o vinho é envelhecido e violetas quando é jovem. Os aromas mais típicos são os de frutas vermelhas misturadas com violeta. Se passar por madeira fica ainda mais intenso e, para quem gosta de uma boa carne, é uma excelente combinação.
A Carmenere é a uva do Chile. Tem uma história bem legal, trata-se de uma uva francesa de Bordeaux que se julgava quase extinta pois foi esquecida pelo mundo todo desde o advento da filoxera, no século XIX e depois foi redescoberta lá no Chile em pé-franco, pois foi confundida por muitos anos com a Merlot. Praticamente todos os produtores de lá produzem essa uva e dela saem os mais variados tipos, dependendo de como o enólogo quer fazer. A principal característica dela é um aroma de goiaba intenso. Não que todas tenham, mas é fácil encontrar isso principalmente nos vinhos mais baratos. Seu nome provém da cor de sua pele de tom forte de carmim que sempre acaba transferindo aos vinhos com ela elaborados.
Difundida no mundo todo, cultivada amplamente na Espanha é a principal uva das regiões de Rioja e Ribera Del Duero. No norte de Portugal (Douro e Dão) é a tinta Roriz e, no sul, (principalmente Alentejo) é chamada Aragonês. É uma variedade com aroma de framboesa e possui características tânicas que lhe permitem desenvolver muito bem. Também se adaptou a Argentina. É uma variedade cujo nome espanhol sugere que amadurece mais cedo (temprano – “prematura”) que a maioria das variedades tintas. Essa uva é fantástica. Existem vinhos leves, frescos e frutados para serem consumidos jovens, e outros estruturados e complexos, amadurecidos em carvalho com excelente potencial de guarda. É possível provar vinhos totalmente distintos feitos com Tempranillo e se você se aventurar, vai encontrar muitos legais.
Conhecida como Grenache ou Garnacha principalmente na Espanha. No sul do Rhône, e a principal componente do Chateauneuf Du Pape, e atualmente está plantada em todo o sul da França. É também muito cultivada na Califórnia e na Austrália. É uma uva com pouco tanino e geralmente misturada com uvas de maior tanino. Tem aromas típicos de pimenta do reino, ervas e óleo de linhaça.
Para fechar nossa lista de top 10 uvas mais famosas do mundo, vamos falar sobre a Tannat.
É uma uva famosa no Uruguai e também combina perfeitamente com uma boa carne. Possui bastante tanino, muitas vezes ela dá aquela sensação de gengiva seca, mas que com um bom bife tudo se resolve. A gordura da carne é “limpada” pelo vinho e a sensação é fantástica. Frutas vermelhas e um toque terroso, de terra molhada mesmo, é a sua principal característica.
Em breve falaremos sobre as uvas brancas, mas por enquanto vamos degustando os vinhos produzidos a partir dessa grande variedade de uvas tintas.
E aí, pronto para preparar a sua lista de vinhos preferidos?
Utilize os filtros no lado esquerdo da sua tela, acessando o link abaixo para conhecer outras uvas ou a mescla das mesmas.
Missão Sommelier
Papo de Homem
Pecado de Vinho
Sommelière
Adaptação: Thálisson Mota
Revisão: Jéssica Wrzesinski
Deixe um comentário